Eu Preciso Mesmo Disso? Dicas do Viajante Maduro

Arrumar a mala de uma viagem é um exercício de desprendimento. A pergunta título deste post deve ser repetidas vezes.

Já se deparou com a reflexão sobre as necessidades atuais? Nossos antepassados viviam sem boa parte da parafernália eletrônica, sem o carro último modelo, sem a roupa da moda, certo? E por qual motivo hoje precisamos de tantas coisas? Fabricar as necessidades: essa é a mola da economia mundial, bem como do modelo político-econômico centralizador. Há algum tempo assisti ao documentário Requiem for the American Dream, do intelectual icônico Noam Chomsky, que apresenta sua visão de como a riqueza e a influência se concentraram nas mãos de poucos nos Estados Unidos e como estes seguem ditando as regras nesta ‘grande nação democrática’. Chocou-me o exemplo de alienação por meio do consumismo que ele utiliza, dizendo algo como ‘ao invés de estar numa biblioteca, ela está no shopping center’. Estejamos atentos e não permitamos que a publicidade crie em nós estas falsas necessidades. Estejamos vigilantes e busquemos a informação profunda e real, ao invés de nos acomodarmos à lâmina do discurso vazio e repetido.

Bem, reflexão feita é hora de montar a mala! Como temos um voo interno (Lisboa – Milão), só podemos levar uma mala de 23kg cada um. Sendo assim, este é nosso limite de viagem, para um período de 54 dias, em pleno e rigoroso inverno (janeiro e fevereiro), por 4 países europeus. Separar duas calças, duas calças térmicas (para usar por baixo), 4 básicas, 2 blusões, 7 peças de roupas íntimas (já que nem sempre teremos como lavar as mesmas) e dois pares de calçados (1 tênis e um calçado), além da nécessaire com produtos de higiene e beleza, é ter a certeza que vamos aparecer em muitas fotos com a mesma roupa. Assim sendo, a estratégia é levar umas 3 mantas para ir trocando estes e mudando um pouco o visual. Ah, uma saia (no meu caso) para algum momento mais formal, preta e básica, para combinar com qualquer roupa.

 

Rômulo em Ferrara, com o casaco de stunff que o acompanha por toda viagem.

 

Ah, também levaremos uns presentes, já que vamos ser recebidos por parentes e amigos (ficamos agradecidos!). Optamos por pedras (hehe)! Sim, pedras brasileiras em vários formatos. Apesar do peso, são pequenas e não quebram. E sempre agradam quem recebe. Fomos até Soledade para comprá-las. Bom preço e significância.

Iremos com um casaco de lã (na mão – este ficará com nosso amigo José Arruda, em Lisboa), mas já sabemos que, possivelmente, teremos que comprar um casaco de inverno mais quente (estofado, impermeável, tipo stunff) e, talvez, um calçado impermeável e forrado (este não foi necessário).

E o meu casaco para enfrentar o inverno, também comprado em Lisboa (onde moramos não encontramos). Por baixo, as peças térmicas da Lemes e da Biopoint de Garibaldi.

Veremos. Ah, levaremos também duas boinas ou tocas (sim, a cabeça dói de frio sem proteção), além da mochila (vai ser um pouco estranho para o Rômulo usar mochila, mas percebemos que facilitará os deslocamentos nos mais diversos meios de transporte) com computador, máquina fotográfica e documentos, além de uma peça de roupa. Sabemos que o inverno do Sul do Brasil é bem mais ameno que o que iremos enfrentar. Mas decidimos viajar no inverno por dois motivos principais: um, não temos tanto trabalho neste período; dois, não enfrentaremos com o volume excessivo de turistas nos locais visitados e três, nossos filhos também estão de férias.

Então, hora de desapegar e treinar o desprendimento. O importante é levar roupas que aqueçam (se a viagem for no inverno) e confortáveis, principalmente levando-se em consideração os períodos de deslocamento. Claro que calçados confortáveis e já amaciados serão fundamentais (1 tênis e uma bota). Contaremos, durante e após a viagem, se nossa mala deu certo, ou seja, se não faltou ou sobrou nada. Quem sabe na próxima viagem saberemos nos deslocar com ainda menos peso e volume. Mais leveza sempre é bom, em todos os sentidos!

Até o final vamos aprender a fazer selfies… Bem, nós de manta e com cabelos amassados pelo uso de tocas.

O homem que vive neste momento, aqui e agora, não está sobrecarregado de passado nem de futuro; ele permanece sem um fardo. Não tem nenhum fardo para carregar; ele se movimento sem peso. A gravidade não o afeta. Na realidade, ele não anda, ele voa. Ele tem asas.

(Maturidade: A responsabilidade de ser você mesmo, Osho, 2012).