Os vinhos e as paisagens espetaculares de Cafayate, Argentina

Depois de conhecermos a incrível cidade de Salta, partimos em direção a Cafayate. Cafayate é destino conhecido pelo enoturismo de qualidade entre paisagens espetaculares, além de carregar fortes traços da cultura gaúcha.

O nome “cafayate” não é de origem quéchua, como muitos supõem. É, na realidade, derivado de um dialeto hoje praticamente desconhecido, o “kakán” (idioma da etnia Quilmes). Há divergências em relação ao significado da palavra. Há quem dia que significa “cajón de água”, “gran lago” ou até mesmo “pueblo que lo tiene todo”.

Pelo caminho de estradas sinuosas da Ruta 68, tivemos o prazer de nos deleitar com a vista de montanhas que iam de verdes a avermelhadas, formando uma paisagem espetacular! As formações geológicas da região são, com certeza, das mais bonitas que já vimos. É uma ótima rota para viajar de moto e de carro.

Visitamos a formação Garganta del Diablo, um dos lugares emblemáticos do belo Parque Natural da Quebrada de las Conchas, já próximo de nosso destino. É uma sequência de rocha sedimentária composta por materiais que se acumularam por muitíssimo tempo. Foram 90 milhões de anos para que se formasse o monumento natural. Lugar impressionante! As belas montanhas do caminho evocaram em nós um sentimento de vontade de voarmos como condores entre elas. Como Rômulo bem definiu, fomos “tomados” pelas montanhas.

Ao chegarmos na cidade, nos instalamos em nosso hotel, o Asturias Cafayate (super confortável), e saímos para encontrar um restaurante. Escolhemos o vegetariano El Zorrito Restro Bar. Apesar de não sermos vegetarianos, somos reducionistas no consumo de carne e, por isso, quando podemos, procuramos boas opções de refeições sem carne. O restaurante El Zorrito foi uma ótima escolha! Lá, tomamos uma deliciosa cerveja, “La Burra”, que significa jumento em espanhol. Também experimentamos uma sopa de quinoa, ingrediente que nos informaram ser amplamente utilizado na região como fonte proteica – costume herdado da cultura inca.

Piscina do Hotel Asturias Cafayate
Sopa de quinoa

O mais interessante de toda a cidade é a população. Classificamos o povo da cidade como felizes e desassombrados, participantes ativos de uma cultura que integra todos: idosos, crianças e jovens – independente de nichos e estilos. As praças e outros espaços públicos são ambientes vivos de confraternizações. A convivência entre todos é harmoniosa e impressionante. Na cidade há muitas barracas de artesanato e a população é, em maioria, indígena.

As danças e os costumes gaúchos também estão muito presentes nas formas de expressão destes momentos de convivência. Não é difícil encontrar em praças apresentações de danças típicas gaúchas (que lembram muito as gauchescas danças do Rio Grande do Sul), onde os próprios espectadores acabam participando.   As noites são agitadas e os bares e restaurantes são muito movimentados. Uma refeição com bebida custa cerca de 25 reais por pessoa.

Os turistas que vêm visitar Cafayate são, em grande parte, casais, famílias e duplas de amigos. A região é muito visitada por motociclistas, que se atraem pelas paisagens do trajeto. Mas há também quem, como nós, prefere aproveitar estas paisagens de modo mais seguro, sem abrir mão da aventura: de carro. Percebemos que há muitos turistas, nesta época do ano, da própria Argentina: de Salta, Tucumán e Buenos Aires. Também notamos a presença de viajantes que vêm da França e do Canadá.

Na manhã seguinte, foi dia de enoturismo. Cafayate possui um grande número de vinícolas de boa qualidade. Com isso em mente, optamos pelas vinícolas que foram recomendações de amigos.

A primeira que visitamos foi a Domingo Molina. A vinícola familiar surgiu da união de três irmãos da família Domingo que buscavam reunir as incríveis particularidades das uvas de alta altitude com instalações e tecnologias de última geração.

São 60 hectares de vinhedos localizados de 1.600 a 2.300 metros acima do nível do mar. O clima da região tem mais de 300 dias de sol intenso por ano, pouca chuva e grande amplitude térmica, condições que fazem desabrochar o melhor das uvas para a elaboração dos vinhos da casa.

A visita e a degustação custam 230 pesos por pessoa (cerca de R$23) e a vinícola funciona das 10h às 17h, todos os dias da semana. A visitação, entretanto, não é cobrada caso o turista faça compras no local.

Em seguida, fomos visitar a reconhecida multinacional Piattelli Vineyards. Originalmente da Itália, a família Piattelli emigrou para Mendonza na década de 1940 e trouxe na bagagem a tradição e paixão por fazer vinhos. Atualmente, é uma das melhores vinícolas da Argentina e conta com duas unidades: uma em Mendonza e outra no Valle de Cafayate, a que visitamos. As uvas são cultivadas em parte de modo orgânico, em terra nutrida por fertilizantes naturais e com podas severas durante inverno. Por isso, a produção é limitada e, consequentemente, os vinhos finos são elaborados em menores quantidades. Com este processo, entretanto, há uma intensa concentração de aroma e sabores – agregando qualidade e valor aos produtos.

Após a visitação, que classificamos como padrão, aproveitamos para almoçar no local, que oferece ótimas refeições harmonizadas com os vinhos finos da vinícola. Fizemos a refeição dos ‘5 pasos’ (com 5 pratos + 5 vinhos e 1 espumante). O blog Viajante Maduro tem parcerias com alguns destinos escolhidos, mas o valor é de R$150 por pessoa. Vale ressaltar que há muitas opções vegetarianas.

A vinícola funciona das 10h às 19h, todos os dias da semana. A visitação custa 100 pesos (cerca de R$10 reais).

Local de almoço do Piattelli Vineyards

Sobre os vinhos da região: observamos que os vinhos são bem minerais, encorpados e potentes. São características que se devem ao microclima muito particular da região, com alta incidência de sol e vento, além do solo arenoso – que permite que o escoamento da água seja rápido. Achamos os vinhos muito especiais e únicos. Vale muito a pena provar! O nosso preferido foi vinho ícone local Torrontes, mas também gostamos muito dos resultados da elaboração de ‘malbecs’ daqui.

Em seguida, pegamos estrada novamente em direção às Ruínas de Quilmes, já a 50 quilômetros de Cafayate e localizada na província de Tucumán. Para isso, fomos pela mítica Ruta 40, uma lendária estrada argentina que une o país de norte a sul com mais de 5 mil km de extensão. Em questão de destaque, é a equivalente argentina à americana “Route 66”.

As Ruínas de Quilmes, como o nome sugere, são sítios arqueológicos onde viviam a etnia indígena Quilmes. Nos anos 800 d.C., os indígenas da região eram populosos, formavam cidades e criaram um avançado sistema de aquedutos e de agricultura. Utilizavam o desvio das águas dos rios para cultivo de alimentos durante todo o ano, mesmo em períodos de seca. Por isso, eram a maior população do norte da Argentina.

“Para os Quilmes, a terra sempre foi um bem comum, um bem venerado, amado e compartilhado. Entenderam que cultivar a terra impulsiona o progresso e o bem-estar. Cumpriram com o dever de repartir com justiça seus frutos. Desde sempre, os quilmes se se sentiram filhos da terra: assumiram a responsabilidade de cuidá-la e de não abusar dela”, conta um mural dentro do museu dedicado à história desse povo. A visita ao local com guia custa 100 pesos (R$10 reais).

No século XVII, após revolta contra os invasores espanhóis, os quilmes foram forçados a ir para uma região perto de Buenos Aires, onde seriam “controlados” pelas autoridades espanholas. Foi uma viagem de mais de mil quilômetros feita a pé, com escasso acesso a água e alimentos. Por isso, muitos morreram no caminho.

Atualmente, a ‘cidade sagrada’, além de contar da história impressionante de uma etnia indígena, também é ponto turístico esotérico por ter locais considerados de acesso a mundos ‘intraterrenos’.

Por fim, Cafayate e seu entorno nos fascinou com suas paisagens, costumes e povo. Recomendamos a visita principalmente a quem pensa em visitar a Argentina de carro ou motocicleta. As mágicas montanhas tornam a viagem leve e prazerosa, além do destino ser ótimo lugar para conhecer uma cultura única no mundo.

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