Vinho e poesia: o fantástico enoturismo do Chile

Não há amante de vinho que não queira conhecer o Chile. Além das belezas naturais e da cultura riquíssima, o país oferece um roteiro de enoturismo único no mundo. Assim, o casal Viajante Maduro foi ao país em buscar de visitar os reconhecidos territórios vitivinícolas do lugar.

O Chile goza de um privilégio que muitos países produtores de vinho gostariam de ter: as condições climáticas e geográficas do país permitem uma proteção natural. A leste, uma cordilheira; a oeste, o oceano; ao norte, um deserto e ao sul, uma geleira – proteção completa de agrotóxicos e outros envenenamentos transmitidos pelo ar. Além disso, o país conta com solo rico em cobre, que dificulta a propagação de doenças nas videiras.

Enquanto a maior parte das videiras do mundo são cultivadas pelo método enxertia, criado na Europa para superar uma praga de vinhas no século XIX, o Chile, protegido, tem 94% de suas vinhas em “Pé-Franco”, nome da videira plantada diretamente no solo. O país também ficou conhecido pela descoberta da existência de uvas carménère, que o fez se consolidar mundialmente na produção de vinhos finos.

O Brasil importa 75% de todo o vinho fino consumido no país. Da porcentagem, 43% é chileno – seguidos dos argentinos, com 13%, portugueses, com 13%, italianos, com 11% e franceses, com 10%. Não é à toa que os amantes de vinho brasileiros viajam cada vez mais ao país vizinho: apenas em 2017, cerca de 500 mil brasileiros viajaram ao Chile. Boa parte para visitar alguma das cerca de 400 vinícolas locais.

 

Para você se situar

As vinícolas chilenas se distribuem pelos onze vales que vão de Santiago à província de Bio-Bio. Destes, quatro são os principais: Maipo, Aconcágua, Casablanca e San Antoni.

E o melhor de tudo é a facilidade de locomoção: a menos de 1h30min de Santiago, é possível conhecer treze vinícolas que contam com estrutura de hotel, degustação, venda e, algumas, restaurante. Ah, vale ressaltar que as estradas – ao menos as percorridas pelo casal do Viajante Maduro – são excelentes.

Nos vales, o aumento no número de turistas transformou os passeios em atividades que vão além da convencional visita + degustação das vinícolas. Há, por exemplo, o renomado restaurante do chef Francis Mallman, localizado dentro da vinícola Montes, e outras atrações como o tour à cavalo da vinícola orgânica e biodinâmica Odfjell, passeios de balão, cicloturismo e programas de colheita de uva e de “faça seu próprio vinho”.

No Vale Maipo, visitamos a famosa vinícola Almaviva. A principal característica de seus vinhos é o corte bordalês – ou seja, é feito a partir de diferentes uvas originárias de Bordeaux, na França. A vinícola é uma união da chilena Concha y Toro com a vinícola francesa. Châteu Mouton Rothschild. A propriedade é linda e os vinhedos são incrivelmente cercados pelas Cordilheiras dos Andes em um fundo cinematográfico.

No chamado “coração” do Vale Maipo, também fomos conhecer a tradicionalíssima Concha y Toro, que oferece uma verdadeira experiência sobre a vitivinicultura do país em suas adegas históricas. A vinícola oferece vinhos de diversas gamas e um tour que inclui um passeio pelo Jardim das Variedades com as 26 principais cepas de uvas cultivadas no país. É a mais turística das vinícolas visitadas, ainda assim, consegue agradar aos turistas eventuais e aos já iniciados no mundo do vinho.

Além das duas mencionadas, visitamos a vinícola Aquitania no mesmo vale, mas colada em Santiago. Em um ambiente charmoso e intimista, a vinícola tem a proposta de oferecer vinhos de qualidade selecionados em produção anual reduzida: apenas 180 mil garrafas são produzidas por ano. Permite uma experiência mais “calorosa” por estar fora das rotas principais. A qualidade de seus vinhos supreendeu!

Após o passeio pelo Vale Maipo, partimos para visitar a vinícola Montes, localizada no Vale de Apalta e que oferece uma visitação por $27 com visita à toda a linha de produção dos vinhos e degustação de quatro vinhos diferentes. Como mencionado, o local também abriga o restaurante do renomado chef Francis Mallman. Foram os vinhos que mais nos encantaram!

No dia seguinte, partimos em uma viagem tranquilíssima de cerca de 200km até a região do Vale Conchágua e do Vale Casablanca.

No Vale Conchágua, visitamos a vinícola Casa Silva, que conta com produção orgânica. A arquitetura impressiona e os processos históricos de produção de vinho são bem esclarecidos na visitação da casa. A degustação também é interessante, já que se ensina a maneira profissional de degustar, as fases interpretativas e as características de cada uma das variedades.

Nos despedindo da região do Colchágua, optamos por visitar a Viu Manent, onde fizemos um delicioso passeio de ‘carruagem’. Nos chamou atenção o fato de que a maior parte dos turistas eram brasileiros e que, para nosso espanto, nunca haviam visitado a principal região enoturística do Brasil, o Vale dos Vinhedos. Claro que fizemos muita ‘propaganda’ de nossa oferta e esperamos que esta situação tenha sido revertida. Bem, o enoturismo da Viu Manent é um dos mais estruturados e a visita é imperdível.

Segundo a Larousse do Vinho, o Vale Casablanca foi lançado à vinicultura há pouco mais de 20 anos por Pablo Morandé. Atualmente Casablanca produz uma enorme quantidade de vinhos brancos e tintos de boa qualidade. Um problema, mas que se dado na época certa é uma vantagem, da região é a constante existência de geadas. O solo é arenoso e muito pobre, gerando ótima qualidade de produção mas baixa produtividade. Os vinhos brancos são as estrelas da região, embora produza também excelentes pinot noirs.

Um passeio por $22 pode ser feito na vinícola Matetic. Um guia bilíngüe recebe os visitantes, leva-os ao porão, mostra as vinhas de uma vista panorâmica e leva os turistas para a degustação dos vinhos. Uma loja, onde são vendidos vinhos e acessórios, encerra o passeio.

O MELHOR DA VIAGEM

Pois sabe o que não sai de nossa memória? O gosto dos melhores morangos que já comemos em nossa vida! Estávamos rodando de carro, rumo à Valparaiso e nos deparamos com uma banca de frutas, destas de beira de estrada. Paramos e compramos a embalagem de tamanho único (enorme!) e redescobrimos o real sabor dos morangos.

IMPORTANTE:

Nossa viagem para o Chile não teve qualquer patrocínio, nem conflito de interesse. A opinião aqui expressa é a nossa verdade!

A autoria das fotos é de Ivane Fávero.

O texto é da jornalista Júlia Beatriz Freitas, colaboradora do site (com pitadas da Ivane).

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