Há muito tempo desejávamos conhecer esta cidade. Nossos familiares que a visitaram, anteriormente, só teciam excelentes recomendações sobre Bolonha (ou Bologna em italiano).
Também nos cativou a referência à cidade. Explicamos: algumas cidades da Itália têm uma denominação especial. Por exemplo, Roma é ” A Cidade Eterna”, Veneza é ‘La Serenìssima”, Florença é “A Bela”. Bolonha foi homenageada com três distinções: “la Dotta, la Grassa, la Rossa“. A primeira, ‘la dotta’, ou a erudita, deve-se à presença da universidade, desde 1088, a mais antiga do mundo ocidental; a segunda, ‘la grassa’, ou a gorda, decorre da gastronomia farta e saborosa pela qual a cidade é referenciada; a terceira, ‘la rossa’, ou a vermelha, devido ao uso, em suas construções, de tijolos expostos e das telhas de barro, com tons avermelhados, evidenciados no reflexo do sol e, também, atualmente, em função da presença da Ferrari e de outras fábricas de automóveis, como Ducati, Lamborghini, Maserati, que fazem da cidade e região a ‘terra dos motores’.
Para se localizarem, importante dizer que Bolonha é uma cidade italiana, capital e a maior cidade da região da Emília-Romanha, província de Bolonha, localizada entre os rios Reno e o Savena. Cidade universitária animada e cosmopolita, com espetacular história, arte, culinária, música e cultura e cerca de 400.000 habitantes.
De origem Etrusca em 510 a.C. No século II a.C. constituía uma colônia romana. Com a queda deste império, passou a pertencer ao Império Bizantino, submetida a Ravena. No século XII era uma cidade independente e muito próspera. Em 1506 esteve sob controle papal. Entre 1796 e 1815, Bolonha foi ocupada por Napoleão Bonaparte; posteriormente, até 1859, pertenceu aos Estados Pontifícios.
Durante o período monárquico era um centro republicano emblemático e durante a Segunda Guerra Mundial foi intensamente bombardeada. Com o final do conflito tornou-se o centro italiano do socialismo e do comunismo.
Existem inúmeros pontos de interesse turístico, como a Basílica de São Petrônio (sexta maior igreja do mundo) na Praça Maior, a Torre dos Asinelli, a Praça e fonte de Netuno, a Igreja de Santa Maria dos Escravos, o Palazzo Re Enzo, a Igreja da Madona della Vita (esta é espetacular em razão das estátuas de terracota).
Impossível ver tudo numa única visita, sabíamos disso. Como já contamos, está é uma viagem de reconhecimento, então, as paradas em cada cidade são relativamente breves. Em Bolonha ficamos somente dois dias. Pouco para tudo o que ela oferece!
Chegamos num final de tarde e, apesar do frio, decidimos sair para caminhar, a esmo, pela cidade. O hotel escolhido atendia nossa expectativa. Excelente relação custo-benefício e, ainda, ótima localização.
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Deixamos o carro numa garagem (paga à parte) e rumamos para uma caminhada pelo centro histórico, um dos melhores preservados da Europa, onde se localizam palácios, igrejas e inúmeras obras de arte. O que distingue esta área são os 40 km de pórticos, ou passarelas cobertas, por onde circulam seus, aproximadamente, 100.000 estudantes e os 300.000 habitantes, sempre protegidos da chuva.
No dia seguinte iniciamos a caminhada pela piazza di Porta Ravegnana, onde nos surpreendemos com as duas torres que são marca da cidade, a Garisenda, com uma inclinação de 3,2m devido ao terreno ter cedido, e a Degli Asinelli, com 97,20 metros de altitude e 498 degraus que possibilitam, com o pagamento de um ingresso, o acesso ao topo da torre de onde é possível se ter uma vista privilegiada da cidade. Pois bem, adivinhem se não nos propusemos a subir! Sim, enfrentando o medo de alturas subi todos os degraus e fiz estas fotos, que, espero, gostem, pois me custaram 5 dias de dores nos músculos não só das pernas, mas de todo o corpo, devido à tensão ao perceber a altura do fosso central da torre.
Em seguida, visitamos a Basílica de Santo Stefano, com a Edícola do Santo Sepulcro, onde estava enterrado San Petronio, até o ano 2000, sendo que agora seu corpo foi transferido para a sua Basílica. Nos deparamos com um senhor que nos questionou se havíamos visto a lápide que se encontrava no pequeno jardim, escondida pelas oliveiras. Comentamos que não, apesar do interesse do Rômulo pelas tumbas externas, localizadas próximas a referida lápide. Neste momento, o Sr. Duìlio se apresentou e nos deu uma aula sobre a história da Igreja e sobre o significado e a deturpação do feminino por parte da Igreja Católica.
A placa a que ele se referia homenageava a Deusa Ísis, da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu, devido o contato dos romanos com os egípcios, por todas as partes do mundo greco-romano. Cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia, é a deusa da maternidade e da fertilidade. Durante os séculos de formação do cristianismo, seu culto foi convertido no Império Romano, inclusive com alusão à virgem Maria cristã. Na própria Itália, a fé nesta deusa egípcia era uma força dominante. De acordo com o historiador Will Durant “os primitivos Cristãos por vezes fizeram os seus cultos diante de estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus, vendo nelas uma outra forma do nobre a antigo mito pelo qual a mulher (isto é, o princípio feminino) é a criadora de todas as coisas, tornando-se por fim, a “Mãe de Deus”.
Embevecidos pelo conhecimento desse senhor apaixonado pela história que gentilmente nos acolheu, seguimos nossa caminhada, nos encantando com cada via do amplo centro histórico de Bolonha. Nos dirigimos para a Piazza Maggiore e buscamos um mapa no Centro de Atendimento ao Turista do lugar, que, a propósito, é o melhor que já encontramos na Itália. A atendente nos prestou valiosas informações e nos entregou o mapa, além de outros folderes. Seguimos a visita à Basílica de San Petronio, a sexta maior igreja da Europa. Imponente, está protegida por seguranças.
A fome batia e fomos comer algo mais simples, indo em direção ao Quadrilátero, onde se localiza o Mercado di Mezzo e a Eataly. Na caminhada, nos deparamos com uma Igreja que nos chamou a atenção, apesar de não ter sido recomendada. Entramos na Igreja de Santa Maria della Vita e, lá dentro, vimos um balcão de ingressos para visitar o “Compianto del Cristo Morto”, ou Lamentação sobre o Cristo Morto. Naquele momento não nos interessamos, pois ao perguntar para a atendente o que seria, ela nos disse simplesmente ‘algumas estátuas de terracota’, bem, ignorância nossa, por sorte do destino sanada pelo siciliano voluntário que atende no andar superior. Ele gentilmente nos explicou que se tratava de um das mais expressivas obras representantes da arte italiana, modelada na segunda metade do século 400, por Niccolò dell’Arca.
Voltamos à nave da Igreja e pagamos o ingresso (nem troco ela tinha) e entramos atrás do altar para ver o que foi denominado como ‘um grito de dor petrificado’.
A obra é a mais viva representação da angústia e dor de Maria, de Madalena, e de outros seguidores do Cristo, ao verem seu corpo inerte. É tocante e comovente.
Visitamos a Biblioteca Salaborsa, estabelecida no Palazzo d’Accursio, antiga sede histórica da Prefeitura, junto à Piazza Maggiore, no coração do centro histórico de Bologna. Fomos até lá com o interesse de visitar as antigas escavações e a sedimentação de várias civilizações, dos etruscos aos romanos, desde o VII século a. C. Muito bem estabelecida, a exposição pode ser vista do piso de entrada. Mas nos chamou atenção o grande número de jovens estudando, concentrados, nas inúmeras salas disponibilizadas, ou nas modernas cadeiras. Também idosos, lendo os jornais do dia. Um ambiente democrático, voltado ao estudo e à informação.
Ao nos dirigirmos ao terceiro andar, nos deparamos com uma interessante exposição sobre urbanismo e ocupação sustentável de cidades, com propostas inovadoras. Ficamos pensando sobre o quão seria bom que nossos estudantes de arquitetura e urbanismo pudessem passar um tempo por aqui, abrindo horizontes sobre o valor do humano e do natural, do histórico e cultural, nas cidades, em detrimento à primazia que estamos dando aos carros.
Mas Bolonha é famosa pelos produtos alimentícios. Alguns adotam o nome da cidade, como a mortadella di Bologna. Outros incluem a região, como o prosciutto di Parma e o Parmigiano Reggiano, além do aceto balsâmico. Os tortellini (ou capeletti) são famosos em todo o mundo e apreciadíssimos. Não conseguimos provar a ‘verdadeira’ lasanha ou massa à bolognesa, nesta viagem. Fica para a próxima!
“Si mangia più a Bologna in un anno che a Venezia in due, a Roma in tre, a Torino in cinque e a Genova in venti” (Ippolito Nievo, Confessioni di un italiano, 1867).
Mas a experiência gastronômica que mais nos marcou não necessariamente é a vivenciada no mais conceituado restaurante. Já que nosso almoço não havia sido satisfatório (nem vou mencionar o lugar, pois não vale indicar, nem negativamente, um restaurante ou bar ruim), pensamos em comer algo que valesse a pena. Infelizmente, o Restaurante Diana, indicado pela atendente do CAT, estava fechado. Decidimos voltar para o Quadrilátero, já que todos comentaram que o lugar fervilhava à noite. De fato, apesar do período (inverno e férias para muitos) os bares, cafés, enotecas e restaurantes estavam bem movimentados. Nos chamou a atenção a fachada de uma antiga ‘bodega’, de nome Osteria del Solle, a placa da fachada que dizia simplesmente ‘aqui se bebe vinho, cerveja e champanhe, se não for beber, não entre’, nos cativou! Entramos e descobrimos a mais tradicional bodega de Bolonha que, desde 1465, é reduto dos moradores e estudantes que se encontram aqui para beber e falar da vida e do mundo.
Percebemos que não ofereciam nenhum prato, mas observamos que as pessoas chegavam com pacotes de comida e os abriam sobre as antigas mesas de madeira. Fizemos o mesmo, afinal em ‘Bologna, como um bolognese’! Eu saí (enquanto o Rômulo ficou guardando lugar nas longas e antigas mesas) para comprar os deliciosos pães e grissinis da Atti e os queijos e embutidos da Simone, duas tradicionais casas das imediações, que eu já havia observado e me encantado.
Fácil fazer amizade com os vizinhos de mesa. No nosso caso, estudantes de várias partes da Itália que se encontravam para beber um vinho. Acabamos compartindo comida e bebida e brindando à vida!
Espero que todos se divirtam. Não há muito mais a fazer neste mundo.
(Paulo Leminski)
IMPORTANTE:
A opinião aqui expressa é a nossa verdade! A autoria das fotos é de Ivane Fávero, com exceção das fotos com autoria mencionada.
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