Chegamos ao fim da nossa viagem e com isso, a vontade de planejar a próxima! A nossa road trip pela América Latina superou nossas expectativas e teremos para sempre as muitas ricas memórias das experiências com cidades, estradas e pessoas que conhecemos neste percurso. Aqui, reunimos os principais destaques da viagem – destinos ou momentos que nos emocionaram, sejam pela vista, pela população local ou por histórias emocionantes.
Mirador de Ornocal, em Humahuaca: As cadeias de montanhas coloridas, onde cada cor delas (verdes, azuis, vermelhas) significam fato histórico da formação geológica do lugar (presença de rios, etc), é indescritível. Restos de sedimentos de rios, lagos e mares, tudo isso remexido por movimentos tectônicos, se transformou em uma paisagem colorida de montanhas majestosas. Uma das tantas paisagens de tirar o fôlego do Norte argentino, região que mais nos marcou de toda a viagem. Há cerca de 25km da cidade de Humauaca, um dos municípios que abarcam a linda Quebrada de Humauaca.
Lá, também nos encantamos com a festa religiosa que demos a sorte de testemunhar. Um povo festivo, alegre e, acima de tudo, devoto, contempla e saúda a padroeira Nossa Senhora da Candelária, no dia em que ‘baja la virgen’ e a imagem sagrada é retirada do altar para percorrer todas as comunidades até o dia da santa, em fevereiro. A aura de irmandade paira sob a pequena cidade.
Em Purmamarca, também na região da Quebrada, ficamos surpresos com a diversidade da Feira de Artesanato do local, principal atrativo turístico da cidade.
Em Tílcara, fomos entretidos e ensinados com uma bela peça teatral na rua que simulava a morte do bravo General José de San Martín, que nos marcou por sua história e personalidade.
Museu Arqueológico de Alta Montanha, em Salta: O que você acha de observar os detalhes de corpos humanos completamente conservados naturalmente de seres humanos falecidos há séculos? O museu é conhecido por exibir os ‘niños de Llullaillaco‘, três corpos de crianças que estão entre os mais bem conservados do mundo. Isto porque foram encontradas em local altíssimo (a mais de 6 mil metros de altura), em área fria e de baixa pressão: no alto do monte Llullaillaco, na fronteira da Argentina com o Chile.
Além da exibição dos corpos, também oferece um passeio cultural riquíssimo. Está cheio de artefatos incas e o lugar revive com detalhes a história do império que dominava a região antes da chegada dos espanhóis. É também interessante observar como os povos mudam, se miscigenam e se adaptam, mas ainda carregam certos costumes milenares herdados de seus antepassados.
Salinas Grandes, na região de Salta e Jujuy: Em direção ao Chile pela ‘Ruta 52‘, vale conhecer as Salinas Grandes, deserto de sal de cerca de 12 mil hectares cortado pela rota. ‘Deserto de Sal’ geralmente nos remete ao Salar de Uyuni, na Bolívia, por este ser bem maior (mais de 100 mil hectares). As argentinas Salinas Grandes, entretanto, não deixam a desejar na visita. A crosta de sal com cerca de meio metro de espessura que forma o local é o resto de um lago que se secou há milhares de anos. Além da belíssima paisagem, no caminho pode-se observar animais nativos da região andina como lhamas, vicunhas, condores e suris. Está localizado na região de Salta e Jujuy.
Parque Natural Quebrada de las Conchas, em Cafayate: uma sequência de rocha sedimentária composta por materiais que se acumularam por 90 milhões de anos e formaram uma bela formação. Lugar impressionante! As belas montanhas do caminho evocaram em nós um sentimento de vontade de voarmos como condores entre elas. Como Rômulo bem definiu, fomos “tomados” pelas montanhas.
Em San Pedro do Atacama, no Chile, nos encantamos com Valle de La Luna, formação geológica no Deserto do Atacama que remete às características da lua, com montanhas arenosas, grandes dunas e paredões de sala.
Outra recomendação são as Termas de Puritama, localizadas em um cânion. Suas águas mornas possuem minerais benéficos para corpo e mente, como cálcio, magnésio e sódio. O cenário do lugar é mágico e os banhos tomados relaxantes e restauradores: perfeitos para quem está fazendo uma road trip pela América Latina. Está cerca de 20km distante da cidade.
La Mano del Desierto, em Antofagasta: monumento imperdível no caminho para Antofagasta. É obra do artista chileno Mario Irarrázabal e mede 11 metros. Um pouco afastada da cidade, mas junto à rodovia que percorre toda a costa do Chile.
Em Copiapó, o excelente Hotel El Bramador, onde nos hospedamos, nos ofereceu um banho em tinas de carvalho aquecidas. Há a opção de ser realizado em ambiente interno e externo, a última opção proporcionando uma relaxante contemplação às estrelas.
Na cidade, nos fascinamos com o Museo de los 33, que conta a saga dos 33 mineradores que ficaram presos em uma mina soterrada por 70 dias no ano de 2010.
A história de Gabriela Mistral, em Vicuña: uma história que não nos permitiu conter as lágrimas foi a da grande Gabriela Mistral, poeta, diplomata, educadora e escritora. Uma poeta que se fez no pequeno povoado de Montegrande e, aos seis anos, fez seu primeiro poema – onde já refletia sobre a desigualdade social. Em 1951, Gabriela recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do Chile. Também foi a primeira ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura da América Latina. A poeta tornou-se franciscana e ao fim da sua vida doou todos seus bens e direitos autorais de suas obras para as crianças de seu povoado, que próximo a La Serena. Em Vicunã conhecemos o museu em homenagem à artista.
O Bus Vitivinícola, em Mendonza, nos provou as imensas possibilidades do enoturismo com uma experiência incrível para os apaixonados por vinho. Além disso, nos chamou a atenção a qualidade da infraestrutura de toda a cidade.
Entre tantas opções de restaurantes, recomendamos um almoço no restaurante El Enemigo, fundado por um enólogo apaixonado por filosofia, vinho e boa comida – o que nos contemplou!
Em Uspallata, participamos do belo Festival de Uspallata, que acontece anualmente no mês de fevereiro, em 3 dias de lindos shows, muita gastronomia típica e feira de produtos locais. Na mesma região, pudemos contemplar o grandioso Monte de Aconcágua, cujo cume é conquistado apenas pelos mais corajosos e resistentes montanhistas do mundo.
Vale ressaltar que todas as estradas do Chile e da Argentina se encontraram em excelentes condições e ideais para uma viagem tranquila e despreocupada. A Travessia ‘Los Caracoles’ é uma das estradas mais bonitas de todo o mundo, cercada pela estonteante Cordilheira dos Andes. Os Andes nos impactaram e ficarão para sempre gravados em nossas retinas, memórias e corações.
Em Córdoba, a Iglesia del Sagrado Corazón, conhecida Igreja dos Capuchinhos, foi a igreja que mais nos impressionou: eleita a Primeira Maravilha Artificial da Cidade, foi construída pelo arquiteto Augusto Ferrari, italiano radicado em Buenos Aires. Colorida, de beleza espetacular e única no estilo neogótico.
A povoado onde não se entra carro e só se anda à pé, La Cumbrecita, provou-se um destino ideal para quem gosta de, como nós, fazermos desintoxicações digitais de quando em quando, contemplando uma bela natureza envolta.
Em Rosário, nos admiramos com os prédios históricos e o Monumento à Bandeira, o único no mundo. Cidade repleta de parques naturais, o que mais nos encantou foi o Rosedal, no Parque Independência. É um belíssimo jardim do ano de 1915, com as mais diversas espécies de rosas, cercado de esculturas e fontes de água. Rosário nos impressionou também pelo ótimo serviço prestado pela Secretaria de Turismo Municipal, que nos deu ótimas dicas de destinos na cidade.
Indicamos o passeio de barco veleiro pelo Rio Paraná. Pudemos observar ilhas do rio, e além, claro, da diversa e abundante fauna e flora da região.
Próximo à fronteira da Argentina com o Uruguai, o ‘Pueblo Liebig’ foi um verdadeiro achado para nós, que amamos história. Um pequeno povoado que se formou a partir de uma empresa de carne enlatada, que supria uma demanda alimentícia da Europa, ainda é cercada pela aura misteriosa de um local com um passado um tanto peculiar.
Personagens que nos marcaram:
Gauchito Gil nos impressionou, rodando pelos caminhos da Argentina, a presença constante de homenagens (sempre na cor vermelha, com bandeiras e pequenas capelinhas) a este personagem, que supostamente nasceu na área da atual cidade de Mercedez, província de Corrientes, com o nome de Antonio Mamerto Gil Núñez. O ‘santo gaúcho’ é reconhecido por muitos argentinos como milagreiro. Porém, não é aceito pela Igreja Católica. Existem diversas versões sobre sua vida, desde um justiceiro, tipo Robin Hood, até um amante fugitivo, mas todas chegam a mesma conclusão, foi assassinado injustamente e orando por ele curam-se os enfermos.
Defunta Correa, já no Chile e em algumas áreas da Argentina foi a presença de garrafas de água, localizadas próximas às rodovias que nos chamou a atenção. Elas são uma homenagem à Defunta Correa que, diz a lenda, morreu de sede, indo em busca de seu marido que havia partido para a guerra. Com um bebê recém nascido, foi encontrada amamentando-o, mesmo depois de morta. Maria Antonia Deolinda Correa também não é reconhecida pela Igreja Católica.
Para nós, uma das principais memórias de nossa viagem foram as relações peculiares e bonitas que construímos em diferentes lugares. As pessoas com quais nos encontramos fizeram nossa experiência verdadeiramente rica e memorável.
Um exemplo disso foi o tratamento do povo argentino, um tanto excepcional. Também nos impressionamos com a cordialidade e presteza das polícias Argentina e Chilena.
Sugestões práticas
- Adoramos nosso roteiro! Fizemos 10 mil quilômetros em 40 dias e eu, sem dúvidas, repetiríamos a viagem. A nossa dica, entretanto, é: se você tem menos tempo, faça só a Argentina, que tem tanto a oferecer. Uma sugestão de roteiro é: Salta, incluindo Cafayate e Mendonza, incluindo Uspalatta. (links) Se tiver um pouco mais de tempo, inclua a província de Jujuy, com Tilcara, Humahuaca e Purmamarca.
- Caso você resolva seguir o nosso roteiro, que você pode conferir aqui (link), vale lembrar que nós o consideramos perfeito. No entanto, só não foi boa a estadia em Los Andes, na fronteira do Chile com a Argentina, pois o hotel era muito ruim e havia pouco o que fazer na cidade, com mais de 40º de temperatura.
- Compensa fazer compras na Argentina, o câmbio está favorecendo o real!
- Em restaurantes, na Argentina, peça um prato para dois: é MUITA comida!
- Respeite as legislações de cada país: se atente às leis de trânsito e aos documentos e itens obrigatórios para não passar por situações desagradáveis. Dos países visitados, a Argentina é a mais exigente – confira aqui (link) o que você deve ter em mãos para entrar no país Hermano.
- Se der, faça umas aulas de espanhol antes de sair pela América Latina. Vai ser bem útil na hora de pedir informações e para entender bem os guias. Mesmo assim, o bom e velho portunhol sempre salva!
- Melhor é trocar dólar pela moeda local no próprio país visitado. Só leve algumas moedas do país que vai adentrar para despesas de pedágios e algum lanche (nem sempre aceitam cartão). No Brasil, troque o menos possível, sempre é desvantajoso.
- Melhor pagar hotel em cartão. Exija o desconto do IVA para turista internacional, que é obrigatório e é em torno de 10 ou 20% (depende do país). No Uruguai, também há o desconto em restaurantes.
- Se você está planejando uma viagem, comece a guardar alguns dólares desde já.
- Manter-se ativo durante todo o ano para poder aproveitar as viagens. Alguns passam mal na altitude ou não aguentam as caminhadas por serem sedentários. Melhor não correr esse risco!
- Priorize roupas confortáveis! Não vale a pena se importar demais com o vestuário e sofrer com o peso das bagagens sem necessidade.
Aprendizados da viagem
- A harmonia na relação de casal é fundamental para se fazer uma boa viagem – ainda mais uma como essa, tão longa. O companheirismo na hora de dirigir o volante e decidir os destinos é muito importante para todo mundo curtir a viagem, sem cansar muito e voltar para casa satisfeito.
- Em locais um tanto distantes do Brasil, é um tanto importante manter-se aberto à novas tradições gastronômicas. Aproveite para conhecer novos sabores!
- Nunca é demais relembrar que se deve aceitar e respeitar a cultura local dos lugares visitados. Busque ser cordial para que sejas tratado de boa forma. Não tenha medo de ‘entrosar’: peça informações, se abra para ouvir histórias de pessoas e lugares, descobrir destinos além do Google… você pode se surpreender.
- Enfim, para nós, turismo é se conectar com o lugar visitado, perceber a multiplicidade e a riqueza da vida, saber apreciar o diferente, admirar a criatividade do humano e da natureza. Turismo na América Latina é, acima de tudo, conhecer nossos ‘irmãos’, que, apesar de tão diferentes, tanto tem em comum conosco, brasileiros, especialmente com os gaúchos. Somos todos americanos!
- Agradecemos por ter nos acompanhado até aqui e esperamos que nossos relatos lhe sirvam de inspiração para planejar sua próxima viagem. Continuaremos viajando e compartilhando neste espaço nossas experiências como viajantes maduros, seres humanos nunca velhos demais para aprender com este imenso mundo, com tanto a ensinar.
Importante:
O Viajante Maduro viaja como ideal de vida e profissão.
Esta matéria contou com a colaboração da jornalista Júlia Beatriz de Freitas, a quem super agradecemos pela dedicação e paciência. Grande jornalista! Já estamos com saudades.
A futura publicitária Lúcia Fávero Moraes colaborou como diagramadora/editora.
A opinião aqui expressa é a nossa verdade!
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Esperamos que tenham gostado desta postagem, que teve sua elaboração feita com muito carinho e atenção. Queremos compartilhar nossas experiências com o objetivo de ajudar aos nossos leitores a terem experiências e vivências memoráveis em suas viagens, como nós.
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