Las Heras e Uspallata, destinos inusitados na região de Mendonza

Las Heras é cidade na região da Cordilheira dos Andes do do “Piedemonte”, das paisagens que emocionam e de um povo acolhedor e festeiro. Além das inúmeras vinícolas, a região de Mendonza oferece diversas opções de segmento cultural e de natureza.

Em Las Heras, fomos recebidos pelo Diretor de Turismo da prefeitura da cidade, Guillhermo Barlleta, que nos apresentou aos principais atrativos do local, rico de possibilidades turística devida às fantásticas paisagens e belas histórias. Classificamos a visita como imperdível para quem deseja conhecer melhor o território da região de Mendonza.

Aqui, elencamos alguns passeios do centro de Las Heras superinteressantes:

Rota Cultural Histórica – Las Heras é o berço da “Gesta Libertadora Americana”. É onde está o Campo Histórico El Plumerillo, lugar escolhido pelo General José de San Marin para a formação e treinamento do Exército Libertador. Aqui, tivemos uma aula com o historiador Roberto Triplone, que também trabalha na Prefeitura de Las Heras e atua neste espaço, onde é realizado, semanalmente, um teatro que apresenta a história do general. Nós visitamos o Parque, e vimos o Campo Histórico, hoje uma vila histórica reconstruída – e também assistimos ao vídeo do teatro. Ficamos emocionados com a história e indicamos aos turistas interessados que agendem horários para assistir ao espetáculo. Também ficamos encantados com a história de San Martin, um verdadeiro líder!

El Challao – El Challao é um povoado a 10 minutos do centro de Las Heras. Lá, encontra-se o Santuário de la Virgen de Lourdes, que reúne quase 50 mil pessoas no dia 11 de fevereiro. As visitas são abertas qualquer dia, no entanto. É possível contemplar/comparar a velha capela e a nova e imensa igreja.

Las Heras é um grande município da região de Mendonza. Para se ter uma ideia do tamanho: Uspalatta, a vila cordilheira mais importante do município, se encontra a 120 km do centro de Las Heras. Falamos em seguida um pouco mais sobre o que conhecer no caminho e neste belo povoado:

A caminho de Uspallata

Uspalatta é uma pequena vila, com a Cordilheira dos Andes tão presente e imponente que é impossível não nos sentirmos pequenos frente a tamanha magnitude! Um bom tratamento para o ego, quando este estiver querendo ser mais significativo do que somos, em realidade. Este oásis existe porque a região é banhada por dois arroios, o Uspallata e o San Alberto, gerando uma paisagem verde, mesmo neste universo desértico e seco.

Aqui se praticam diferentes atividades, para todas as idades e gostos, em cada uma das estações. O verão permite subir as montanhas ou praticar rafting, já no inverno é a prática de esqui que atrai legiões de turistas, por exemplo.

Por aqui, nós tivemos três dias intensos de atividades. A maior parte das atrações estão localizadas no trajeto até o povoado.

No primeiro dia visitamos os atrativos da Rota 7, trajeto que vai da Cidade de Mendonza até Las Heras.

Visitamos o Cerro Aconcágua, onde caminhamos parte do percurso que os alpinistas fazem até o cume do Aconcágua. Foi impressionante vê-los partir com suas grandes mochilas, roupas apropriadas e muita vontade para superar os medos e inseguranças em uma caminhada que pode levar mais de 20 dias. Percorremos um percurso de uns 40 minutos, em altitude de mais de 3 mil metros, até a Lagoa que se encontra em uma das entradas para o Aconcágua. s

Neste mesmo caminho visitamos, na chegada pelo Chile, a Puente del Inca, um dos mais reconhecidos atrativos. História e magia se fundem neste atrativo natural. Além de ser cenário de lendas indígenas, a área é formada por uma ponte natural sobre o rio Las Cuevas. É uma formação geomorfológica com 48 metros de comprimento, suspensa a 27 metros do rio e decoradas com estalactites. Os sais minerais da região são responsáveis pelos tons alaranjados que tingem qualquer objeto colocado em suas águas.

Com a condução do diretor Guillermo Barleta fomos até o Cristo Redentor, de 1904, localizado já no povoado de Las Cuevas. O Cristo Redentor de Los Andes se encontra a quase 4 mil metros acima do nível do mar e fica bem na divisa da Argentina com o Chile. Fica a cerca de 25 minutos de carro do povoado de Las Cuevas, em uma estrada sinuosa de chão batido.

A estátua tem quase 7 metros de altura, pesa cerca de 4 toneladas. Foi feita em Buenos Aires pelo escultor Mateo Alonso e levada de trem por cerca de 1.200 km até o povoado. Foi construída por iniciativa do bispo de Cuy, Fr. Marcolino Benavente, a fim de prestar uma homenagem ao Cristo Redentor após a assinatura de um tratado de paz entre Argentina e Chile – o Pacto de Mayo.

Também visitamos a região de Penitentes e outros atrativos histórico culturais pelo caminho:

A rota Qhapaq Ñan, quéchua para ‘Estrada do Rei’, que é uma uma grande estrada que começa na Colômbia e atravessa Equador, Peru, Bolívia Chile e, finalmente, a Argentina. Achados arqueológicos apontam que o grande ‘caminho’ era utilizado há cerca de 2 mil anos atrás, mas recebeu grandes melhorias durante o apogeu do Império Inca.

Casuchas del Rey é uma das construções mais antigas da província. São pequenos ‘casas’ foram construídas quando a região de Mendonza ainda fazia parte do Chile, em 1770. Era lugar de abrigo a viajantes e oficiais que cruzavam a cordilheira por diferentes motivos.

Cemitério Andinista de Mendonza é pequeno e ‘misterioso’, tem covas antigas, do começo do sécuo 20. É lugar de sepultamento de montanhistas que nunca conseguiram atingir o objetivo almejado: atingir o cume do Monte Aconcágua. Entre as tumbas está a do alpinista brasileiro, Mozart Catão, falecido no dia 3 de fevereiro de 1998. Mozart foi o primeiro brasileiro a conquistar o Monte Everest e faleceu arrebatado por uma avalanche tentando chegar ao cume do monte pela face sul da montanha, o percurso mais perigoso.

Também visitamos outras estradas e estações ferroviárias (La Polveda) e monumentos sanmartinianos. Um dia e tanto!

Ruta 52 essa rota é uma alternativa do caminho entre Mendoza e Uspallata, que inclui alguns trechos de estrada de chão. Não chegamos a completar o percurso, mas, desde Uspallata, fomos visitar as Minas de Paramillos, outra visita imperdível! Adoramos caminhar pelos túneis e vivenciar a experiência de sermos mineiros por quase uma hora, quando percorremos cerca de 300 metros em túneis subterrâneos. Também nos encantamos com as ruínas jesuíticas e das antigas estruturas da mineira. Atualmente, a Mineira não está extraindo, o ‘ouro’ atual é o turismo.

O passeio faz parte do Geoparque Mineiro, que também oferece outras atrações. É possível fazer diferentes vivências: Trekking Mineiro, Trekking Mineiro com Rapel (para os mais aventureiros) e Tirolesa. Também é possível agendar uma refeição no lugar (almoço ou lanche), incluindo parrillas. Nós visitamos em pleno verão (fevereiro) e chegamos ao lugar (2.600m de altitude) e sentimos muito frio, estava 3 graus, com muito vento e neblina. Uma mudança e tanto! Assim, indicamos que levem roupa para frio pois, mesmo que no ambiente externo esteja calor, dentro da mina faz por volta de 6º.

Neste mesmo caminho também visitamos as Araucárias de Darwin…sim, araucárias! Árvores típicas de áreas frias e úmidas, como a região da Serra Gaúcha (Brasil), onde vivemos. Elas viviam por aqui há milhares de anos, quando esta área hoje desértica e seca, era propícia para a proliferação destas árvores. Charles Darwin deve ter se intrigado… nós também! Também visitamos, na rota 52 (parte dela é estrada de chão, mas em boas condições), o Cerro Tunduqueral, com seus enigmáticos ‘petroglifos’. A menos de 7km de Uspallata, o lugar conta com enigmáticas figuras gravadas nas rochas, chamadas de ‘petróglifos’ (arte rupestre). Calcula-se que tem cerca de mil anos.

Também visitamos as Bóvedas de Uspallata. As abóbodas eram fornos de fundição de metal que foi extraído das minas. Alguns estudos estimam que foram construídos no início do século 18 pelos jesuítas. O museu oferece quatro salas: cultura indígena, fundição, mineralogia e artigos sanmartianos.

Dentro do distrito de Uspalatta, fomos recebidos no Festival de Uspallata, que acontece anualmente no mês de fevereiro, em 3 dias de lindos shows, muita gastronomia típica e feira de produtos locais. Nos encantamos com o Ballet Las Heras, um grupo de bailarinos financiados pelo município que apresentaram o tradicional Tango e com a belíssima dança gaúcha que tanto nos une.

Hospedagem e alimentação

Nos hospedamos na Cabañas Ranquil Luncay, cabanas simples, mas acolhedoras, nos encantamos com a estrutura feita em madeira e com o conforto e espaço. Simples e relaxante!

A 500 metros do terminal rodoviário de Uspallata, as cabanas contam com Wi-Fi, piscina ao ar livre, além de animais de fazenda e um parquinho infantil. Fica a apenas 80km da Puente del Inca.

Atenção: para melhor aproveitar Uspallata, não compre somente um ‘bate-e-volta’ desde a cidade de Mendoza, procure uma das diversas opções de hospedagem em Uspallata, que vão desde hotéis convencionais a cabanas em madeira rústica.

No quesito alimentação, o Restaurante La Juanita nos encantou. Aqui comemos as melhores empanadas que já provamos! Também servem excelentes massas, o que é uma boa alternativa numa região onde existem muitos outros restaurantes especializados em carnes (parrillas), como o El Rancho. O restaurante apresenta uma qualidade e ambientação superior, ambiente acolhedor e pratos muito bem servidos.

Resumo da viagem

Em Las Heras, fomos recebidos pelo Diretor de Turismo, Guillermo Barletta, da Prefeitura de Las Heras, que nos conduziu e apresentou os principais atrativos desta impressionante cidade, rica de possibilidades e ainda pouco conhecida ou aproveitada pelos brasileiros. Conheça algumas rotas turísticas de Las Heras e aproveite, especialmente, Uspallata.

Diríamos que é imperdível conhecer este território da região de Mendoza. Ou seja, além das experiências enoturísticas, a região de Mendoza oferece diversas opções ligadas aos segmentos cultural e de natureza. Vale conhecer!

Importante:

O Viajante Maduro viaja como ideal de vida e profissão.

Esta matéria contou com a colaboração da jornalista Júlia Beatriz de Freitas.

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