Saindo de Antofagasta, fomos em direção a Copiapó, cidade localizada na ‘terceira região’ do Atacama: a chamada Região do Atacama.
Foi uma viagem de mais de 400km de estrada desértica. Depois disso, nos aproximamos do litoral e de suas rústicas praias, repletas de pedras.
Lá, notamos a presença de muitas casas de madeiras simples de veraneio nas praias naturais.
Por indicação, fomos à Bahia Inglesa, conhecida por ser uma das mais belas. Planejávamos passar uma noite lá, mas mudamos de ideia por conta dos elevados preços de alta temporada. Também estava muito cheia.
Em seguida fomos ao nosso hotel. O Hotel El Bramador foi um dos grandes motivos pelos quais optamos por passar uma noite na cidade. É um lugar bem charmoso, com cabanas de madeira; confortável, com ar condicionado e piscina. Também conta com um excelente restaurante. Conhecemos o filho da proprietária do hotel: Antonio, estudante de gastronomia e sua noiva, a chef Paloma, prepararam alguns pratos típicos para nós, como deliciosas fajitas.
Notamos que Copiapó é uma cidade pouco procurada por turistas. Grande parte dos hóspedes do local eram de pessoas ligadas ao setor de mineração, forte na região.
No dia seguinte, fomos visitar o Museu Nacional de Copiapó. O museu reúne mostras sobre a cultural Molle, Inca e da Espanha no local, além de exposições sobre a atividade mineradora do lugar.
Lá, uma das sessões resgata a história dos “Los 33”, os 33 mineiros que ficaram presos em uma mina em torno de 70 dias em 2010.
O museu exibe uma das cápsulas (de três) utilizadas para o resgate dos mineiros e também o animador bilhete ‘Estamos bien en el refúgio los 33’, obtido após 17 dias sem contato da equipe de resgate com os mineradores. Também conta a história da saga com detalhes. Para o resgate, foi desenvolvido um projeto de perfuração de um poço, que chegou até ao saguão onde estavam alojados os trabalhadores. É considerado o maior resgate da história feito por perfuração. Linda história de colaboração e união em uma situação de desespero.
Também quisemos visitar o Museu Mineralógico, mas o local está fechado até junho.
Caminhamos pelo centro, vimos muitos restaurantes, bares e pubs pela cidade. A praça é bonita e achamos a igreja modesta para o tamanho da cidade. Lanchamos em um agradabilíssimo café com cadeiras nas calçadas.
Antonio e Paloma nos guiaram até a comunidade onde vivem os avós de Antonio, Pedro e Mirna. Foi a prova de que os guias locais proporcionam as melhores experiências: nós vimos a vindima (colheita da uva) na prática e entendemos mais sobre a produção de uvas de mesa da região. O casal de idosos atualmente produz exclusivamente uvas passas, que são exportadas principalmente para países da Europa, da Ásia e para os Estados Unidos.
Vivemos uma das melhores experiências na fazenda “Las Nubes” (“As Nuvens”), nome da fazenda rebatizado por Pedro após o casal assistir no cinema o filme “Caminando en las Nubes”. Conhecemos os lindos vinhedos no deserto e nos impressionou o sistema de irrigação por gotejamento utilizado. Atualmente, a produção de uvas é uma das maiores fontes de renda da cidade.
Por indicação do casal, fomos a um restaurante de comida caseira chilena. Esse tipo de restaurante é chamado no chile de ‘la picada’. Oferecem ótimos pratos em um ambiente simples, mas que não deixam a desejar e guardam surpresas agradáveis em seus interiores.
Os chefs também nos levaram a um sitio arqueológico, onde percebemos a influência da cultura inca e da molle. Foi interessante observar os antigos fornos incas onde os indígenas realizavam a fundição de ferro já naquela época.
De lá, pudemos observar os vinhedos bravamente enfrentando o forte sol, responsável pela doçura do fruto. Em Copiapó, também se produz o ‘pisco’, aguardente de uva. No local, usa-se a uva moscatel para a elaboração da bebida.
Na útilma noite, o hotel ofereceu um banho em tinas de carvalho aquecidas. É um banho noturno oferecido em ambiente interno e externo, este último proporcionando a contemplação das estrelas. Ótima experiência.
Em Copiapó, por fim, aprendemos que um hotel com experiências faz com que a estadia no local tenha mais significado. Também passamos a valorizar cada vez mais o contato com os habitantes do lugar onde visitamos, que podem nos trazer surpresas inesperadas e passeios mais interessantes que aqueles indicados no TripAdvisor.
Importante:
O Viajante Maduro viaja como ideal de vida e profissão.
Esta matéria contou com a colaboração da jornalista Júlia Beatriz de Freitas.
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