Dicas para Bem Aproveitar a Toscana: Encontre-se em Firenze, Fiesole e Lucca

Como já comentamos, no início de 2017 nos permitimos vivenciar uma experiência por 4 países da Europa. Veja post aqui e conheça nossa história.

Em janeiro passamos 16 dias aproveitando o Norte da Itália. Iniciamos por Milão, passando por Verona, Valpolicella, Conegliano, Padova, Bolonha, várias cidades da Toscana (foco deste e outros dois posts), Gênova, Bra e outras cidades do Piemonte, finalizando em Milão, novamente. Na Toscana, já falamos sobre Siena, Pienza e Montepulciano. Hoje é a vez da grande e bela Florença e, ainda, Fiesole e  Lucca! Prepare-se para ler um pouco mais, mas valerá a pena (esperamos!).

Catedral Santa Maria del Fiore, o Duomo de Florença!

Quarto dia na Toscana:  Se perder e se encontrar! 

No dia seguinte, saímos de Siena com destino à Firenze (ou Florença). Como não havia dormido na noite anterior (sim, também nas férias podemos ter insônia), acabei dormindo na viagem e, ao me acordar, me deparei com o erro que havia cometido: digitei o Borgo San Lorenzo como endereço (rua) de Florença, mas este também era o nome de uma cidadezinha perto de Florença. Bem, paramos para corrigir o sentido da viagem e acabamos tomando uma estrada muito mais linda, toda coberta de geada e neve, em pleno meio-dia! O branco e o sol, que aqui sempre é enviesado no inverno,  por vezes nos cegavam, mas nos encantavam!

Fiesole- perder-se e encontrar-se com uma paisagem dessas, a Toscana permite!

Mais animados pela paisagem, entendendo que o erro, algumas vezes, nos conduz para o bom caminho, desde que estejamos sempre abençoados, seguimos e nos deparamos com a placa de Fiesole. Em minhas pesquisas iniciais havia visto comentários positivos sobre a cidade e resolvemos visita-la.

Um bom viajante não tem planos fixos nem tampouco a intenção de chegar. (Lao Tzu)

Então, para Fiesole nos dirigimos. A antiga cidade possui aproximadamente 15mil habitantes e se localiza a menos de 10 km de Firenze. Fiesole no VIII século a.C. era uma fortaleza etrusca. Já no século III a.C. ficou sob domínio de Roma.

Teatro Romano de Fiesole.

Assim, nosso primeiro interesse foi visitar o Teatro Romano e o Museu Cívico. Impactante ver preservada a história de mais de 4 mil anos. O anfiteatro romano ainda é utilizado para espetáculos.

Museu Cívico de Fiesole.

Em seguida, entramos no Duomo de Fiesole, a Catedral de San Romolo, sempre com muito respeito, mas sem deixar de fazer a relação com o nome do Rômulo. Do início do milênio passado a Catedral é imponente e introspectiva.

San Romolo – Duomo de Fiesole.

De lá, subimos a íngreme estrada que leva até o Convento de San Francisco, a paisagem é belíssima,  fazendo com que percamos o fôlego pelo esforço da subida e pelo encantamento provocado pela vista que se tem do alto desta colina.

A vista encanta.

Visitamos a Capela e o Museu do Convento, encantados com o que víamos. Pretendíamos almoçar no Restaurante Reggia, que fica neste lugar, mas o encontramos fechando.

Bela Fiesole.

Estávamos tão absortos com a visita que nem percebemos o avanço da hora. Já passavam das 15h e a fome apertou. Descemos a colina até o belo centro histórico e almoçamos num restaurante mais simples, com agradáveis mesas na calçada, aproveitando o dia de sol, como faziam alguns turistas alemães que por lá estavam. Pedimos uma sopa, a ribolita era a única opção. Já havia provado a mesma em Siena, tentamos pela segunda vez, mas não agradou muito. De qualquer forma, uma sopa quente no forte frio que fazia sempre é bem vinda.

Ribolita.

Caminhamos pela praça, nos deparamos com uma linda estátua de Giuseppe Garibaldi saudando Vittorio Emanuele. Só queria poder levar esta estátua para Garibaldi e substituir a existente, só a parte do herói dos dois mundos, mesmo.

Garibaldi.

Esta foi uma das escolhas de percurso que dão certo. Importante dar chance à sorte e se lançar ou aceitar o destino, algumas vezes.

Graciosa Fiesole.

A Arte Floresce em Florença!

Não importa quão curto nosso passo pode ser. Caminhar nesse mundo que diariamente nos puxa para trás, só deixa nossas pernas mais fortes. (Eric Ventura)

A arte floresce em Florença!

Firenze ou Florença é magnífica! Seu patrimônio, seus museus, as belas ruas repletas de lindas lojas e belos restaurantes e cafés, encantam já na chegada. Mas é importante saber que é uma grande cidade e possui um centro histórico onde o tráfego de veículos é proibido (exceto moradores, em alguns casos) e, sendo assim, gera alguns transtornos, especialmente para quem chega de carro e tenta saber como chegar ao hotel ou onde deixar o carro, o mais próximo possível, já que se está com uma mala. Tínhamos a informação que a rua do quarto que reservamos era ‘peatonal’, mas não sabíamos ao certo onde deixar o carro. Paramos numa rua e fomos nos informar numa farmácia. Mais uma vez o atendimento do italiano foi de plena cordialidade e desejo de ajudar.  Ele nos indicou deixar o carro aí, levar as malas e, logo depois, estacionar num ‘parcheggio’. Assim fizemos, levamos a mala ao quarto e lá recebemos a orientação do proprietário, Giulio Carcame, do B&B, sobre onde estacionarmos o carro.

O centro histórico de Florença. Somente para pedestres.

O Bed and Breakfast Bel Duomo foi reservado pelo Booking. Podemos afirmar que possui prós e contras, mas que, nesta balança, pesam mais os pontos favoráveis. A localização é excelente e o preço, para Firenze é muito bom (menos dos € 50,00 pré estabelecidos, por dia, por casal), mas é bom saber que não é servido café da manhã (alguns saches e biscoitos são disponibilizados no quarto), deverão subir escadas e que o banheiro pode ser separado do quarto (mas é exclusivo para quem está no quarto). A placa na foto abaixo, no nosso hotel, informa que Garibaldi frequentou aquele prédio, o que nos deixou maravilhados com a coincidência. De qualquer forma, o atendimento é cordial e estar a 20 passos do Duomo tem suas vantagens, ainda que se tenha um alto custo de garagem (€ 25,00 por dia).

A placa informa que Giuseppe Garibaldi se hospedou no prédio em que ficamos.

Incomodou-nos, num primeiro momento, os preços abusivos, bastante comuns nos principais destinos turísticos do mundo.  Sempre tenho a impressão que eles sabem que não voltaremos, então pouco importa o atendimento ou a qualidade do que é servido. Por isso, prefiro os locais frequentados pelos habitantes autóctones, pois o dono do negócio precisa manter a clientela. Assim, fomos descobrindo os estabelecimentos gastronômicos das ruas do entorno, onde os preços e qualidades estão mais condizentes, e lá compramos nossos alimentos ou fizemos nossas refeições.

Apesar de ser central, foi uma boa opção de jantar. Desta vez, esqueci de fazer foto das comidas, nos restaurantes e cafés. Devia estar com muita fome! 😉

Nosso principal objetivo era visitar a Galeria Degli Uffizi. Queríamos ver a grande construção e sua fantástica galeria de arte, com os Giotto, Simone Martini, Piero della Francesca, Beato Angelico, Filippo Lippi, Botticelli, Mantegna, Correggio, Leonardo, Raffaello, Michelangelo, Caravaggio… Fantástico!

Galeria Degli Uffizi.

A Galeria ocupa os dois primeiros pisos do grande edifício, projetado por Giorgio Vasari,  construído entre os anos 1560 e 1580. É um dos mais importantes museus do mundo, por suas fabulosas coleções de antigas esculturas e pinturas, distribuídas nos lindos e ornamentados corredores e salas.

Galeria Degli Uffizi.

Comprei os bilhetes com antecedência. Evita-se filas, principalmente no período de alta temporada, que podem ser imensas. Devo afirmar, no entanto, que neste período não teria sido necessário e poderia ter economizado um pouco. Mas a garantia de que vai poder se entrar faz valer a pena pagar a taxa de conveniência.

Turistas e a arte sendo ressignificada. O nascimento de Vênus, de Botticelli.

Chegando ao Museu o que mais me comoveu foi perceber a emoção do Rômulo. A todo momento ele murmurava: ‘fantástico, fantástico!’.

Sócrates!

Assim, as 4 horas lá passadas voaram e devemos indicar que reservem meio dia para aproveitar melhor o que o museu oferece.  Saímos de lá estasiados de tanta beleza, entendendo mais de arte e história, mas também compreendendo a super concentração de riquezas que o mundo viveu e ainda vive.

Encantados!

Seguimos pela  Ponte Vecchio (Ponte Velha), caminhando lentamente, observando as pessoas, na maior parte turistas, que circulavam pelas ruas laterais. A ponte, em arco medieval sobre o Rio Arno, é famosa por sua arquitetura e pelas joalherias que lá se encontram. O que mais me encanta é ficar observando as ‘casas penduradas na ponte’.

Ponte Vecchio. Foto que fiz, desde a Galleria Degli Uffizi.

Informações dão conta de que ela tenha sido construída ainda na Roma Antiga, feita originalmente de madeira. Destruída pelas cheias de 1333 e reconstruída em 1345, com projeto  de Taddeo Gaddi. Formada por três arcos, o maior deles com 30 metros de diâmetro. Conta a história que daqui deve ter surgido o termo bancarrota, já que, desde sempre os mercadores, que mostravam as mercadorias sobre bancas,  com a autorização do Bargello, a autoridade municipal de então. Se um um mercador não conseguisse pagar as dívidas, a mesa (banco) era quebrada (rotto) pelos soldados:  bancorotto.

Joalherias da Ponte Vecchio.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a ponte, felizmente, não foi danificada pelos alemães. Mais recentemente, um outro risco ameaçou a ponte: os cadeados do amor! Sim, começaram a pesar e, atualmente, estão proibidos. Se tentar colocar, poderá ser multado em € 50,00! Melhor selar o amor com um beijo, ok?!?!

Apesar da beleza das estátuas, o tema é triste: O estupro de Polyxena de Pio Fedi (1865).

Caminhando por Florença, impossível não suspirar ao ver o Palazzo Vecchio (Palácio Velho)! Está localizado na Praça da Senhoria (Piazza della Signoria) e, atualmente é a sede da prefeitura do município florentino e no seu interior acolhe um museu que expõe, entre outras, obras de Agnolo Bronzino, Michelangelo Buonarroti e Giorgio Vasari. Compondo o conjunto, está a torre de Arnolfo, outro emblema da cidade.

David e o Palazzo Vecchio.

Emblemática também é a escultura de David de Michelangelo, que marcou a entrada do palácio entre 1504, ano da sua conclusão, e 1873, quando foi deslocada para a Galeria da Academia. No seu lugar encontra-se uma cópia desde 1910, ladeada por Hércules e Caco de Baccio Bandinelli, escultor que foi muito criticado pelo seu “atrevimento” em aproximar uma obra sua à obra prima de Michelangelo. Muitos turistas se acotovelam para fazer um ‘selfie’, junto ao David, sem saber que é uma cópia. De fato, o que vale é a ‘mensagem’! 😉

Hércules e seus 12 trabalhos.

Afora a brincadeira, o que vale é circular pelas ruas de Florença. E olha que estava frio, quando o sono vem mais cedo, já que escurece por volta das 17h e as pessoas se recolhem, mas, ainda assim, não queríamos nos render e todas as noites acabávamos caminhando um pouco mais para admirar a pujante arte desta encantadora cidade, distribuída em suas inúmeras ruas, capelas e igrejas!

A arte em Florença!

A maior parte das ruas é ‘peatonal’, ou seja, só se pode circular a pé ou tem o transito restrito aos moradores, e são voltadas ao comércio e à gastronomia, com cafés, bares e restaurantes.

Não tem como não amar!

Apesar da tentação do ‘compre-compre-compre!’, não nos rendemos. Somente compramos dois presentes leves e baratos. Ganhei uma capa de celular de uma obra de Caravaggio e presentei o Rômulo com um pequeno livro sobre os Médici. No mais, nada que possa aumentar o peso de nossa bagagem física, somente a bagagem da mente e da alma.

Nem tudo destas lindas vitrines é tentador.

De qualquer forma, não deixe de se render aos cantucci, se possível acompanhados de um cálice de vin santo, mas pode ser um café. Amo!

 

Para fechar a Toscana: Lucca!

Luca ou Lucca entrou em nosso roteiro depois de alguns seguidores do blog terem nos indicados. Assim, na despedida da Toscana, ainda passamos meio dia por lá. Nos encantamos com está cidade de quase 90 mil habitantes, que possui uma das mais preservadas muras do mundo. Terra natal do compositor de ópera, o grande Puccini, se orgulha de sua qualidade de vida, observada, rapidamente, pelos visitantes que lá chegam.

Entrada do centro histórico de Lucca.

Nos encantamos com as pessoas caminhando, em pleno dia da semana, durante toda a manhã, sobre a muralha, que possui uma larga e comprida (mais de 4 km) pista. Aproveitamos e fomos dar nossa caminhada, afinal não é todo dia que se caminha sobre uma muralha, com resquícios do período romano, erguida nos séculos XV e XVI, transformada em parque público pela Maria Luisa de Borbone, da Espanha, nos anos 1815 a 1824. Fantástico e gratuito!

Muras de Lucca.

Caminhando nos chamou a atenção a sinalização do Museu e Sitio Arqueológico do I Século a.C. ‘Casa del Fanciullo Sul Delfino – Domus Romana Lucca” , resultado da paixão do proprietário e de sua esposa, que investiram pessoalmente neste empreendimento cultural.  Oferece a possibilidade de conhecer a história milenar de Lucca. Num ambiente único, é possível ver a evolução das técnicas construtivas de mais de 2000 anos de história. São visitadas estruturas murarias e objetos da época romana, longobarda, medieval e renascimental.

Rômulo e o proprietário do museu…

Também passeamos pela cidade, suas igrejas, ruas, lojas.

Igreja de São Miguel – Lucca.

 

Toscana e seus ciprestes!

TOSCANA

Visitamos 7 cidades da Toscana, mas há muitas outras para serem desvendadas e aproveitadas. Pode-se passar no mínimo uma semana somente nestas pequenas cidades. Nós indicaríamos ficar de 15 a 30 dias por esta região, aproveitando sua paisagem, cultura, patrimônio e gastronomia. Mas indicamos o outono ou a primavera, para um melhor aproveitamento!

Com fé, vamos em frente!
Sempre orando pelos nossos afetos e por nosso amor.

A propósito: estamos fazendo, como denominamos, uma viagem pout-pourri, ou seja, um momento para conhecermos nossos locais dos sonhos, ou para revê-los, e definir o futuro destino, para, com mais tempo, usufruí-lo. Bem, neste sentido, estamos em dúvida se nossa escolha pende mais para Padova e Bologna  ou para estas pequenas cidades da Toscana! O que vale é a indicação de que todas tem seu encanto e merecem ser visitadas!

Pegar a estrada na Toscana! Esse é o programa imperdível!

O QUE FAZER, ONDE FICAR E COMER

Galleria degli Uffizi, pela internet mais caro – € 33,50 euros para dois – www.florence-museum.com + um audioguia  sonoro – € 6,00 – FIRENZE

Bed and Breakfast Bel Duomo, localizado na via  Borgo San Lorenzo, 4 , FIRENZE, www.bedandbreakfastbelduomo.com  – pelo Booking é possível reservar (em promoção) por € 50,00

Nieri Pasticcere Ufficiale – Via dei Guicciardini, 3/5r  – FIRENZE– € 7,50 por os mais deliciosos cantucci + uma taça de café

Eataly Firenze – Endereço: Via de’ Martelli, 22, FIRENZE  – Muitas opções, com diferentes preços. Nós gastamos em torno de € 30,00 pelo jantar

Ristorante Fiesolano –  Piazza Mino, 9 , FIESOLE – almoço para 2 por €  24,00

Museu e Sitio Arqueológico do I Século a.C. ‘Casa del Fanciullo Sul Delfino – Domus Romana Lucca” – Via Cesare Battisti, 15, LUCCA – www.domusromanalucca.it – € 3,00 para visitar o lugar, por pessoa + € 3,00 pela moeda réplica.

FINALIZANDO

Importante dizer que o Viajante Maduro esteve na Toscana por vontade própria e não há nenhum conflito de interesse. O que expressamos aqui é a nossa verdade. As fotos são de Ivane Fávero.