Muito além de informações sobre geografia, história, arquitetura, realizar uma longa viagem nos ensina a mudar a forma de ver o mundo e de viver.
Desde o início do que entendemos hoje por turismo, está o “Grand Tour”, ou seja, as viagens feitas pelos jovens filhos de famílias aristocratas da Europa (inicialmente na Inglaterra), no período de 1600 até meados de 1800. Antes mesmo do trem, e obviamente do avião, esses jovens saíam para longos períodos de viagem, muitas vezes acompanhados por um tutor, para aprender o que era o mundo e a vida, um rito de passagem educacional.
Bem, todos sabemos hoje que as viagens são fantásticas formas de educarmos nossos filhos, mas para quem, como nós, no período da juventude só tinha que trabalhar e estudar, poder viajar na idade madura é um aprendizado tardio e prazeroso, o que chamamos de aprendizagem contínua.
O que propomos aqui são viagens independentes, de descoberta e auto-conhecimento. E esclarecemos que esse é o conceito de viajante maduro, não é alguém ‘velho’, como alguns dizem pejorativamente. Um parênteses necessário: para nós ser velhos é um elogio. Mas, continuando, viajante maduro é alguém que não é cru em viagens, que sabe montar seu próprio roteiro, que não segue modismos e sim suas opções e gostos. Aventure-se!
Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir. (Tennessee Williams)
Destacamos 10 preciosos aprendizados que tivemos em nossas viagens:
- É preciso manter a vida muito organizada para poder viajar – Também é necessário leveza, minimalismo. Pouco patrimônio = mais leveza. No antigo Egito, os faraós acreditavam que seu patrimônio seria transportado junto ao seu corpo mumificado, para uma vida ‘além da morte’. Pois parece que algumas pessoas ainda acreditam nisso! Acumulam dinheiro e patrimônio que, muitas vezes, acabam por destruir famílias, em litigiosas disputas pela herança, ou deturpar filhos, que se acomodam num mundo de consumismo e falsos valores. Bem, então, se você trabalhou muito na vida e tem algum dinheiro, “bora” viajar. É o seu dinheiro e só pode ser aproveitado nesta vida!
- Ao preparar uma viagem nos deparamos com muitas coisas que precisam ser descartadas e muitos fatores que precisam ser organizados – Descarte, doe, desapegue de tudo o que não se faz necessário, de tudo o que não usou no último ano. Deixe organizados, sempre: Passaporte (renove com antecedência) e Visto de Entrada (dependendo do país, isso se faz necessário), Plano de Saúde ou Seguro Saúde (veja aqui), filhos (vão viajar junto? vão ficar? são maiores de idade? se são menores, algum parente se responsabiliza por eles? entendem a importância das viagens e dos pais viajarem?), plantas (alguém para regá-las enquanto viajam?), animais (quem vai ficar com os pets enquanto viajam?). Aí a gente percebe como é bom ter amigos e como é bom viver com o sentido de ‘B2B’, ou seja, eu te ajudo agora e você me ajuda depois. Aí sempre poderemos viajar tranquilos.
- Caminhar e respirar – Caminhe muito! É a melhor forma de, mesmo comendo mais (afinal tem que aproveitar o café da manhã – se for ficar em hotel – e as comidas locais – “vai que eu não volte mais aqui!” – que são a expressão da cultura local), não engordar. Também é excelente para manter-se energizado e saudável e, obviamente, é a melhor forma de conhecer os lugares. Mas, além disso, caminhar é um exercício de reflexão, de interiorização. Não é por nada que continuamos buscando caminhos para peregrinar. O que queremos dizer é que não precisamos estar no Caminho de Santiago de Compostela, por exemplo. Qualquer cidade pode provocar este sentido de deslocamento de tempo e espaço, desde que você caminhe muito. Então, amacie o tênis antes da viagem, crie uma boa resistência, e boas caminhadas!
- “E o mundo mudou bem na minha vez” – Sim, o advento da internet e do Smartphone fizeram com que o comportamento do homem e sua forma de viajar mudassem também. Há que se aproveitar o que a tecnologia está possibilitando. Se ainda não domina essas ferramentas, aprenda, antes de viajar. Vale a ajuda de um parente ou amigo mais jovem (nossos filhos sempre sabem mais do que nós, a esse respeito). Minimamente temos que saber usar o Google Maps, o Waze, o TripAdvisor, o Booking, o Facebook, o Instagram, o WhatsApp e o Skype. Parece muito? Não, é fácil e vai ajudar muito na sua viagem, afinal o que propomos aqui, como já afirmamos, são viagens independentes e de descobertas. Ah, mesmo usando todas estas ferramentas e serviços de avaliações, não se atenha somente a elas, desconfie, siga seu feeling, faça a SUA viagem! Ah, e uma dica: leve um mapa impresso. Nunca se sabe quando a internet pode falhar!
- Bom atendimento é um espelho de quem é recebido – Todos são hospitaleiros, desde que o turista seja educado, cordial e humilde. Nada de chegar com aquela arrogância típica de viajantes primitivos. Viajantes maduros respeitam e valorizam a cultura local e, assim sendo, tudo retorna positivamente.
- Permita-se aventurar – faça algo não planejado, algo diferente, algo que mexa com a sua autoestima, que ao final possas dizer ‘consegui!’ ou ‘eu fiz!’ , com aquele sorriso que vai do fígado ao rosto!
- Somos tão insignificantes – A viagem vai nos mostrando isso, minuto a minuto! Nestes (em torno de) 4 mil anos de ‘humanidade civilizada’ evoluímos tão pouco! Bem, é certo que evoluímos em alguns quesitos, mas já dava para ter percebido que devemos ser mais humanos e respeitar o ambiente, por exemplo. Que ninguém é mais do que ninguém e que nossa passagem por este plano é tão breve que não vale a pena portar nenhum sentimento ruim. Como diria Carl Sagan “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”
- Diga sim ao minimalismo, especialmente no que se relaciona ao material. Ostentação só de experiências, vivências, de amor, de aceitação! Nada de ficar consumindo sua viagem em compras, que só darão dor de cabeça no momento de montar a mala de volta ou passar pela alfândega. Presentes? só umas lembrancinhas pequenas, se for o caso. Acumule vivências e nada mais!
- Europeus curtem a vida, mais do que brasileiros – Há diferenças entre os países, mas todos fazem pausas mais longas e bebem ou um copo de cerveja ou uma taça de vinho, no almoço e no jantar. Bem normal ver esta cena. É agradável ver como são menos estressados com o trabalho. Fazem pausas, conversam, riem. E tiram férias mais longas. Engraçado que eles pensam que somos nós, os brasileiros, os bons vivants, de fato observamos que nós nos preocupamos mais em trabalhar, pois temos que trabalhar mais, já que pagamos tantos impostos e tão pouco retorna, já que temos muito para qualificar neste país.
- Quantos dias levamos para nos livrarmos das tensões, do estresse de anos? – Décadas de trabalho, preocupação com filhos, animais de estimação, as plantas, o mundo!!! Não é de uma hora para outra que desligamos de tudo e passamos a aproveitar o momento presente. Observando nosso movimento percebemos que a primeira semana ainda é de acomodação, já a partir da segunda, temos nosso foco no aproveitamento do que estamos vivendo, inicia o processo de libertação do estresse. Por isso, questiona-se o modelo atual de férias curtas, picadas em alguns dias ou semanas. Sabemos bem! Durante mais de 30 anos de trabalho (40 na média de nós dois), pudemos tirar poucos períodos longos de férias. Em geral, uma semana ou quinze dias no máximo. Mas percebemos a diferença qualitativa de tirar um período maior de férias. Então, se possível, e mesmo com a mudança das leis trabalhistas, tire um período maior. Nosso sonho agora é um ano sabático. Quem sabe consigamos esta façanha antes da aposentadoria derradeira!
A vida deve ser uma busca – não um desejo, mas uma busca; não uma ambição quanto a se tornar isto, aquilo, presidente de um país ou primeiro-ministro, mas uma busca para descobrir “Quem sou eu?”. Osho
IMPORTANTE:
A viagem (Europe Trip) do Viajante Maduro (Itália, França e Espanha) não tem qualquer patrocínio, nem conflito de interesses. Em Portugal, tivemos apoio da AMPV (Associação dos Municípios Portugueses do Vinho). A opinião aqui expressa é a nossa verdade! A autoria das fotos é de Ivane Fávero.
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