Chegamos em Salta, nosso primeiro destino fora do Brasil. Linda cidade argentina!
Lá, nos hospedamos no Hotel del Antiguo Convento, com uma diária bem em conta de R$270 por dois dias para nós dois. Está localizado na área central da cidade – a apenas 600 metros da Plaza 9 de Julio, principal praça de Salta. Oferece buffet de café da manhã e é uma das acomodações mais bem avaliadas pela localização e pelo custo-benefício, de acordo com os viajantes do Booking.
Saímos para caminhar à noite e instantaneamente nos apaixonamos pela cidade. É bem iluminada, com bastante movimentação e de ruas limpas. Também é incrível como todos os residentes desde o início foram muito acolhedores e receptivos.
Fomos até a Calle Balcarce, uma rua repleta de bares, restaurantes (todos regados a muita música) variados para todos os gostos. A maior parte dos estabelecimentos com mesas dentro nas calçadas. É um destino indicado para todo os estilos de viajantes. Lá, jantamos em um ótimo restaurante chamado Zona de La Balcarce onde experimentamos um excelente vinho da Bodega Comunitaria Los Amaichas, uma etnia indígena. A vinícola é a única da América Latina e terceira do mundo fundada por um povo indígena.
Curiosidade: nos chamou a atenção que, para os moradores do lugar, não existe ‘cachorros de rua’, e sim ‘cachorros de todos’. São cachorros que moram na rua bem alimentados e cuidados pelos residentes da cidade. Muitas lojas também mantêm bebedouros e potes com comida em frente.
Pela manhã, fomos trocar reais por pesos e comprar adaptadores de tomada. Na Argentina, são três pinos chatos e oblíquos, bem diferente do padrão brasileiro. Também recarregamos um chip de celular que compramos. Foi o valor de cerca de 300 pesos (cerca de R$30) e deve durar 15 dias – o tempo de nossa estadia no país.
Compramos um poncho com as cores da cidade (vermelho e preto) em uma banca de artesanato e também as imagens de Nossa Senhora dos Milagres e Jesus Cristo dos Milagres, símbolos que encontramos na Catedral de Salta. Inclusive, nos chamou a atenção a devoção fervorosa que os residentes têm pelos santos da Igreja Católica. Observamos em diversos momentos longas filas para adorar e rezar em frente às imagens na Igreja.
Fomos visitar o Museu Arqueológico de Alta Montanha, onde aprendemos mais sobre a história dos incas e também onde se expõe três corpos ‘seculares’ congelados. São três crianças incas: El Niño, La Donzela e ‘La Nina del Rayo’, essa última chamada assim por ter seu corpo sido atingido por um raio enquanto estava no monte.
São conhecidos ‘niños de Llullaillaco’ e estão entre os corpos mais bem conservados do mundo. Isto porque foram encontradas em local altíssimo (a mais de 6 mil metros de altura), em área fria e de baixa pressão: no alto do monte Llullaillaco, na fronteira da Argentina com o Chile. Com eles também foram encontrados cerca de 160 objetos utilizados pelos povos habitantes da região na época.
Para garantir a preservação, os corpos são submetidos a condições semelhantes em que foram encontrados no alto da montanha. Também ‘revezam’ as exibições no museu: só um corpo é exibido por vez. Lá, também são explicados detalhes da descoberta das ‘múmias’, acontecida em 1999 por uma equipe que contou com profissionais da Alemanha, Estados Unidos, Argentina e Peru.
O Museu Arqueológico de Alta Montanha, além da exibição dos corpos, também oferece um passeio cultural riquíssimo. Está cheio de artefatos incas e o lugar revive com detalhes a história do império que dominava a região antes da chegada dos espanhóis. É também interessante observar como os povos mudam, se miscigenam e se adaptam, mas ainda carregam certos costumes milenares herdados de seus antepassados.
Os incas são uma etnia de história interessantíssima. Há séculos atrás, desenvolveram sistemas de medição, arquitetura e científicos avançadíssimos para a época. Também tinham filosofia extraordinária de viver a vida. Respeitavam e aceitavam os ciclos da terra e da natureza com serenidade. Eram povo simples, mas com valores e convicções fortes.
No coração da cidade de Salta se encontra o edifício onde viveu o General Martin Miguel de Güemes, considerado herói nacional. A casa, que virou o Museu Güemes, é um dos poucos expoentes da arquitetura do período colonial do país. Munido pela tecnologia de alta ponta, o museu oferece uma visitação pleno de estímulos visuais e sonoros que propõem uma visita completa à história do general, considerado um herói por ter destacada atuação na Guerra da Independência da Argentina.
Com escassos recursos, Güemes foi responsável aplicar combates de guerrilha, conhecida como Guerra Gaucha, ao deter seis invasões de exércitos espanhóis. Com isso, manteve o restante do atual território argentino livre de invasores defensores monarcas.
À noite, por indicação de três Salteños, fomos ao restaurante La Casona del Molino. O lugar está em um bairro mais afastado do centro da cidade e é um ambiente intimista, com o público alvo voltado para os próprios moradores da cidade. Diferentemente dos restaurantes da popular Calle Balcarce, a música é produzida pelos próprios clientes e não em shows profissionais – o que cria um ambiente de amizade e diversão. Foi onde degustamos o delicioso e – com ótimo preço – vinho Cafaiate. É um local muito agradável de reuniões de amigos com música ao vivo. Com comida ótima, boas companhias e o melhor da música argentina, é lugar de celebração à vida! Feito para nós.
Na manhã seguinte, fomos visitar o Cerro San Bernardo, passeio teleférico de Salta que oferece uma das mais belas vistas da região. Também passeio indispensável para quem visita a cidade.
Super recomendamos esse destino, que agradará diferentes públicos de viajantes.
O que aprendemos com Salta
Muita coisa. Que o mundo é muito grande e fascinante. Admiramo-nos, principalmente, com a rica cultura do município, que faz tanto para preservar a memória dos acontecimentos e povos do local. Também foi interessante o intercâmbio de culturas entre nós, gaúchos do Rio Grande do Sul, e os salteños. Assim como nos era desconhecido tanto sobre os hábitos e a história do local, a eles também foi estranho saber que existiam outros “brasis” além de São Paulo e Rio de Janeiro. Um “Brasil” que, no nosso caso, compartilha o mate, o poncho e até mesmo o frio.
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