Viajar no tempo é possível?
Depende. Talvez estejam pensando ao responder mentalmente a esta pergunta.
Não conseguimos, ainda, nos teletransportar para outros tempos, mas conseguimos, visitando as obras que outros povos deixaram como registro, imaginar estes períodos, sentir o sol, tocar as pedras e, em um momento mágico, ouvir os sons dos que ali habitaram.
Depois de passar alguns dias na região de Palermo, pegamos um trem e nos dirigimos até Agrigento. De lá locamos um carro, o sonhado Fiat 500, e nos hospedamos em Sciacca, no maravilhoso Airbnb Bono Piera dos queridos Piera e Jay. Eles nos indicaram o Parque Arqueológico de Selinunte, a Scala dei Turqui e outros lugares que vamos apresentar!
DIA 2
Agrigento – Sicília – Itália
No centro histórico da cidade, visitamos a Catedral de Agrigento, uma antiga construção normanda, iniciada em 1.093 e concluída 1.099 (século XI), criada por iniciativa de Gerlando, que, posteriormente, foi canonizado como santo. Ela foi consagrada e dedicada à Madonna Assunta e a San Giacomo. Posteriormente, 200 anos depois, ela foi intitulada a São Gerlando, patrono de Agrigento. Impressiona o visitante pela grandeza da obra e também por sua beleza simples, mas extremamente significativa. Nela também há antigos sarcófagos gregos e romanos, além do corpo de um santo que não lembramos o nome.
No prédio ao lado da Catedral visitamos o seu Museu, que é riquíssimo com pinturas, estátuas e relíquias antigas, de diversas épocas passadas.
Finalmente, fomos conhecer a Igreja Santa Maria Dei Greci, que foi a primeira Categral de Agrigento. Ela é pequena, mas significativa, pois foi construída e reconfigurada sobre um antigo templo grego de 448 a. C. Lá pudemos visualizar partes antiquíssimas da construção grega. É uma pequena igreja, mas muito, muito significativa pela sua história.
DIA 3
Selinunte
E foi muito intenso visitar Selinunte e seu Parque Arqueológico, com 270 hectares, considerado o maior da Europa!!!
O Rômulo havia sonhado, na noite anterior, que morria. Imaginamos que tenham sido as conversas sobre o Selinunte, com nossa anfitriã Piera, que tenham provocado este sonho.
Ela nos contou que, diferentemente do Vale dos Templos de Agrigento (estamos nesta região – no sudoeste da Sicília – Itália), em Selinunte – município de Castelvetrano, seria possível adentrar nos antigos templos, caminhar pelas antigas ruas desta cidade grega. E foi o que fizemos.
Estamos falando de uma história de mais de 2.500 anos! Nos remetemos a 650-628 a.C., quando os habitantes gregos da antiga Megara Hyblea (vizinha a atual Augusta), criam a Colônia de Selinunte, focados em estabelecer novos negócios comerciais.
Foram dois séculos de prosperidade e desenvolvimento, entre 628 – 420 a.C. com a colônia construindo importantes negócios com os cartagineses (que depois vêm a destruir Selinunte – só salvando mulheres e crianças da destruição) e com os próprios gregos. Constroem a Acrópole, o Santuário da Malophoros, fundam a sub-colônia de Eraclea Minoa, entre tanto do que se vivencia nessa imensa cidade.
Depois de tratativas de disputas entre os cartageneses, siracusanos, romanos, no século III – II a.C., é abandonada a mais gloriosa e importante cidade da antiga Sicília Grega.
Foi um privilégio e uma emoção poder visitar esse lugar histórico e bastante significativo.
O valor para ingresso é de 6 euros e, se desejar transporte de carro elétrico, o valor dobra (12 euros). Dedique no mínimo meio turno para esta visita. Indicamos usar chapéu (sentimos muita falta do nosso) e sapato confortável.
E você, já conhecia este sítio arqueológico? Gostaria de visitar? Se sim, já salva aí e envia o link deste post para quem também vai gostar desta história milenar!
DIA 4
Vale dos Templos – Agrigento
Em Agrigento, na Sicília, também visitamos o Vale dos Templos. Ficamos encantados com as ruínas dos diversos templos construídos pelos gregos no século V a. C. São diversos templos: de Juno, da Concórdia, de Hércules, de Asclépio, de Vulcano e outros.
O mais conservado deles é o Templo da Concórdia (transformado em igreja no século VI d. C.), que seria um templo de paz para os habitantes de Agrigento na época. O templo de Juno foi queimado pelos cartagineses em 405 a. C., era geralmente utilizado para casamentos e festas. O templo de Hércules, o mais antigo deles, foi destruído por um terremoto, sobrando apenas algumas colunas.
Na visita ao Vale dos Templos, vimos que poucos restam bem identificados, como o Templo da Concórdia, de Hércules, de Juno. Entretanto, é possível identificar, com as orientações as localizações e estados dos demais templos.
Temos verificado que os romanos, quando tomavam uma região, não destruíam as construções dos vencidos, mas as adaptavam aos seus desideratos e a seus deuses, ao contrário do que a história na Sicília conta em relação aos cartagineses, que destruíam e incendiavam os prédios dos vencidos.
Transitando por aquelas áreas do Vale dos Templos nos quedamos como os gregos foram avançados em seu tempo, tanto material quanto intelectualmente, haja vista que nas suas construções perpassavam filosofias e mitos educativos.
Enfim, foi emocionante sermos tomados por aquele ambiente e imaginarmos os seus antigos moradores e frequentadores vivenciando momentos importantes naqueles templos sagrados para eles.
Você já conheceu esta cidade e região? Imaginava que a Grécia também este aqui?
DIA 5
Castelo Encantado – Sciacca e Scala dei Turqui – Agrigento
Visitamos um lugar insólito, que é o Castelo Encantado (Castello Incantato), em Sciacca, na Sicília – Itália. Ele é um museu a céu aberto e contém centenas de rostos talhados em pedra e em madeira, feitas por Filippo Bentivegna, que teve uma vida estranha e excêntrica – ele nasceu em 1888, vindo a falecer em 1967. Se apaixonou por uma mulher que foi viver nos EUA. Ele partiu para viver com ela, mas ela já estava com outro homem. Essa decepção o derrubou. Juntou dinheiro trabalhando lá e voltou para criar o seu ‘castelo’ com as economias.
Esse escultor inédito teve uma existência bastante diferente, vivia sozinho naquele local onde hoje é o museu, e criou uma vida toda própria, com os personagens representados pelos rostos como se fossem moradores do seu castelo, dos quais ele era Senhor.
Lá ele morava em uma pequeníssima casa, em cujas paredes identificava como se ele morasse em um castelo, e criou uma gruta, onde lá também se encontravam alguns de suas esculturas.
Há personagens famosos em seu castelo, como Garibaldi, entretanto, ele não os identificava pelos seus nomes. Enfim, essa experiência que tivemos foi bastante inédita, pois visitamos a materialização artística de um personagem que vivia imerso em seu próprio mundo.
O que achou do lugar e das esculturas?
Scala Dei Turchi (Escala dos Turcos), em Agrigento
A Scala dei Turchi, em Agrigento, Sicília, é uma maravilha da natureza que encanta qualquer um que a visita.
A Scala é uma costa rochosa com paredes escarpadas, formada por marga branca (a base ou o próprio mármore), à beira do mar Tirreno (mar Mediterrâneo Ocidental).
São formas onduladas e sensuais extremamente brancas dessa pedra, que sofreu alterações com o vento e o mar.
O seu nome deriva dos ataques de piratas sarracenos na época, árabes, e, por convenção, eram chamados de “turcos” pelos moradores – esses piratas encontraram abrigo nesta área menos repleta de ventos, sendo, assim, um local de desembarque mais seguro.
A Scala dei Turchi é cercada por duas praias, através das quais se chega nessa belíssima área branca.
É arrebatante a simples visualização dessa costa branquíssima, com as pessoas por lá transitando em seus degraus extremamente alvos, cor de neve.
Também acessamos os degraus ondulados e nos maravilhamos com essas escarpas e com o mar que lhe beija os pés.
Saímos de lá com a sensação de que a Natureza apresenta belezas difíceis de serem copiadas pelo homem, tal é a sua magnitude.
DIA 6
Sambuca di Sicilia, a cidade que vendeu casas por um Euro
Visitamos Gori Sparacino, diretor da Associação de Vinhos Terra Sicane, em Sambuca, para conhecer melhor acerca dos vinhos da região. Ele, gentilmente, explicou a situação da vitivinicultura local e nos levou a caminhar pelo centro histórico da cidade.
Para nossa surpresa, ele nos lembrou que foi Sambuca a cidade que ofereceu algumas casas pelo preço de um euro, com algumas condições, especialmente que o novo proprietário restaurasse a residência.
Ele nos informou que acorreram muitas pessoas, americanos, franceses, alemães, etc., e que essas casas foram vendidas e finalmente restauradas. Muitos desses novos proprietários vêm à cidade para passar as suas férias. Até porque a cidade é antiquíssima, inclusive, em 2016, foi distinguida como “Borgo Piú Bello D’Italia”.
Ademais, Sambuca reúne um triângulo de ouro para a gastronomia, que é a vitivinicultura, a produção de azeite e o famoso queijo da cidade.
Passeamos, com Gori, pelas ruas estreitas e antigas da cidade histórica, encantados com as suas casas características, com a sua catedral, a qual contemplamos por fora, pois encontrava-se fechada. Conhecemos uma gruta profunda de onde os antigos retiravam as pedras para as suas construções – esse espaço, hoje, é depósito de vinhos da região, os quais serão abertos apenas em 2026 para avaliação de qual será o melhor vinho.
Chamou-nos a atenção que muitas ruas e locais têm seus nomes em italiano e árabe – isto em razão do domínio dos mouros durante muitos anos na região.
E aí, você compraria casas por 1€ para morar aqui? (só uma informação, todas foram vendidas)
Finalizamos nossa semana em Agrigento e arredores e resolvemos ficar mais um tempo com nosso amado Fiat 500. Negociamos com a locadora e partimos para a região de Catânia, onde aproveitaremos para conhecer mais uma parte desta encantadora Sicília.
Importante:
O Viajante Maduro viaja como ideal de vida e profissão.
A opinião aqui expressa é a nossa verdade!
Esta matéria contou com a colaboração da futura publicitária Lúcia Fávero Moraes.
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Esperamos que tenham gostado desta postagem, que teve sua elaboração feita com muito carinho e atenção. Queremos compartilhar nossas experiências com o objetivo de ajudar aos nossos leitores a terem experiências e vivências memoráveis em suas viagens, como nós.
